sexta-feira, 1 de julho de 2016

“Os-bailarinos”



Chegaram,
Embrulhados no negro
De todos os mistérios,
Separados,
Apenas por fina névoa,
Envoltos em transparências
Frias.

Não se mostraram,
Ocultos no manto
Da surpresa,
Esperando o compasso
Do maestro,
A nota que os despertasse…

A melodia ouviu-se
Baixinho,
O palco iluminou-se
De luzes brandas,
O bailarino entrou
Com a suavidade de um estremecer.

Sem pressa
Alargou a fronteira,
Escreveu um sentido,
Marcou um compasso,
Foi…
E voltou.

A bailarina
Encontrou a sua deixa,
Sentiu o caminho
Desbravado,
Rodopiou no chão encerado,
Escorregou na nota
De cada violino,
E no ritmo
Abriu e fechou,
Desapareceu num volteio,
Assomou
Na esquina oleada,
Abriu caminho
Na curva apertada.

“Os bailarinos”
Trouxeram para perto
O segredo,
Descansaram a cabeça
Na almofada,
Mergulharam
Na água tépida
Perfumada,
Voltaram ao camarim
Sombrio,
Esperam outra música,
Outra nota,
Outro… cio.


#2214

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