Está ali,
Na ave prostrada, morta no chão,
No homem que bateu a porta e não
mais voltou,
Em cada gota do mais denso
nevoeiro,
Na folha seca no meio da
floresta,
Na gazela atravessada na boca do
leão.
Está ali,
Na mão que afaga a cabeça da
criança,
Nas pernas encaixadas no beijo do
amante,
Nas mãos dadas do casal de
namorados,
Nos olhares que se penetram em
cada cumplicidade,
No movimento ritmado das mãos do
mudo,
Na palavra que se gritou e
ninguém escutou.
Está ali,
O-Diálogo-dos-Silêncios,
A queixa,
A desculpa,
A razão.
Está ali,
Quando os olhos se penetram
E enxergam,
Na viagem que nem todos sabem
fazer,
Tão difícil perceber,
Na química não contrariada,
Na flor que um dia de sol
ofereci,
Nas sombras ondulantes de cada
pinhal,
No momento não contrariado…
E vivido!
(António Amaral)
# 2241
Sem comentários:
Enviar um comentário