“Não-é-um-poema-de-amor”

Este,

“Não-é-um-poema-de-amor”!

Não daquele amor que os poetas

Cantam,

Aqui fala-se de pele,

De toque,

De emoções,

De sensações,

De prazer,

De gozo.

Este,

“Não-é-um-poema-de-amor”!

Aqui fala-se daquele abanão,

Do desassossego do querer estar,

Do tocar e afagar,

Do roçar leve como de uma pluma,

Do brilho do olhar inquieto,

Do tremer dos joelhos,

Das prioridades ignoradas,

Da liberdade de estarmos presos,

Daquele sexo que é loucura,

Dos tabus dissolvidos nos espelhos,

Da tesão que se sente nas mãos,

Do tempo que anda ao contrário,

Do vento que sopra das nossas bocas,

Dos rios que nos correm na pele,

Do calor que queima cada poro,

Dos risos idiotas,

Das brincadeiras parvas…

Da liberdade que nos prende, aqui,

De tudo o que se constrói, aqui,

Da cumplicidade que de mistura, aqui,

Da vida que se vive, aqui!

E tudo apenas porque,

Este,

“Não-é-um-poema-de-amor”!

#2013