sexta-feira, 17 de outubro de 2014

“Cheiro”



“Cheiro” não é aquele
Que te invade as narinas,
Na delicada fragância da rosa,
Nem o perfume que desce
A montanha,
Feito rolar de pedras,
Gotas de orvalho,
Enormes folhas pisadas,
Por uma Primavera
Acabada de chegar.

“Cheiro” é o que transporto
Debaixo da pele,
Exactamente onde o deixaste,
Para que te sinta,
Para que lembre o leve toque
Das tuas mãos,
O doce sabor da tua boca
No húmido da minha pele,
O brilho dos olhos,
Que encaixados nos meus,
Desbravaram cada horizonte adormecido,
O calor de dois amores abraçados,
O segredo de um silêncio
De cada boca fechada,
A improbabilidade de cada sonho
Adiado,
Perdida que fora toda a esperança.

#1968

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