A “Verdade” é quase sempre
Dolorosa, afiada, às vezes acintosa,
Mas TU sabes como sou paranóico,
E nada cala a minha, aquela que vejo,
E que preciso dizer, mesmo quando me magoa,
Me atravessa e me deixa à parede colado,
Destroçado, porque a sinceridade
Dói, fere por dentro, marca-nos.
Os meus amigos, os grandes amigos,
Os melhores amigos, sabem-no tão bem como eu,
Já a sentiram, já se cortaram, já nela se feriram.
Desculpa, eu sei que não és minha amiga,
Já foste, mas depois o amor estragou-a,
Perfurou-a e, ferida de morte deixas-te
Que caísse, que se esvaísse, desfeita
Por uma única palavra que soou,
Ecoou na “Verdade” que a matou.
Vi há dois dias, aquela fotografia
E tinha que o dizer, mas hoje
Quando finalmente estava disposto
A o fazer, já lá não estava, escondida decerto
Para não se ver.
Aposto que ninguém teve coragem
De te avisar, porque para tal é preciso,
Ser-se amigo, amar…
Estás mais gorda, não estás?
Claro que estás, esta é a “Verdade”,
Até te cresceram as bochechas,
Coisa que nunca tiveste,
E o braço de lado parece
O presunto de um porco anafado.
Mas nada de preocupações,
Dietas ou outras deambulações;
A ti tudo te fica bem,
Até a gordura nojenta,
Nada que uma saia curta
Não disfarce, afastando os olhares
Do sítio onde ela nasce.
Também tens razão nisso que dizes,
Essa é outra das minhas enormes
Qualidades, sou um cavalheiro,
Tive mais uma vez o cuidado,
De te dar esta notícia com carinho,
Vestindo uma camisa lavada,
Passada,
E sem rugas no colarinho.
#1205
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