quinta-feira, 10 de outubro de 2013

“Desaparecer”


Fiquei desfeito e envergonhado,
Amigo José, depois de ter lido
Aquela carta, repleta de bons conselhos,
Que me enviou e que li com o maior carinho.

É que eu nem tinha dado por nada,
Quando publiquei aquela fotografia
Da minha mulher, e sim fui eu que a tirei.
Pareceu-me na altura ver-lhe
Uma mosca, pousada no queixo,
E zás, plim, e o telemóvel vez o milagre,
Imortalizou o momento,
E como achei piada,
A que ela estivesse toda desgrenhada,
Distraído como sou,
Nem pensei duas vezes…

Publiquei!

Não amigo José, não reparei
Na pose sensual da boca,
Nem nos lábios, a pedir que se
Consumam num ardente beijo,
Nem no decote, muito menos
No decote, já para não falar do vale
Que se vê ou dos seios redondos… Ai, Ai,
Como sou distraído!

Mas não devia ter contado a toda a comunidade,
Agora só tenho vontade
De “Desaparecer”; como vou encarar
O Manel, o Luís ou o Gaspar?

E você José, também não precisava
Indagar, se aquilo era mesmo dela.

Claro que é, não tem silicones,
Nem nada para enganar os mirones,
E eu que o diga (até me engasgo),
Quando as seguro, as afago, as remexo,
As misturo, e se assim à solta
Não mexem, depois… bem depois nem lhe conto,
Porque também ela gosta,
Insinua-se, a fogueira acende-se,
E é o fim do mundo.

Tem toda a razão, eu não sabia
Que em casa tinha assim uma devassa,
Nem sei o que lhe dizer,
É mesmo uma autêntica porca,
O raio da minha mulher.

#1203

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