Ela era linda, sensual, irradiando
luz, uma luz que me atraía, como se fosse a chama de uma vela desafiando as
asas da borboleta. Nos encontros, nas brincadeiras, nas risadas, em cada
segredo partilhado pelos olhos, remexido cá dentro, misturado com as nossas
cumplicidades, nasceu, cresceu, floresceu, a paixão que não se evitou,
tornando-me áspera a garganta, afogando-me cada palavra que queria dizer,
desafinando a melodia que um anjo qualquer, teimava em tocar na minha cabeça.
Os deuses por mais poderosos que
fossem, nunca conseguiriam juntar-nos. Aqueles olhos verdes, apenas veriam em
mim o amigo antigo, parceiro velho de brincadeiras, ajuda invisível nos
momentos em que o choro a esmagava, abraço que sentia dentro da cabeça ruiva,
exército, que com ela partilhava a força. Essa enorme e terna amizade era o que
sentiria, mas que eu não queria, transformada que fora em paixão, transbordando
amor em cada olhar.
Chovia! A meu lado caminhava,
equilibrando cada passo nos altos saltos azúis de cetim; um passo em falso, uma
pedra, um buraco, não sei, tornaram o passo em tormento, no joelho que
fraquejou. Estendi o braço, as mãos encontraram-se, os dedos entrelaçaram-se, o
corpo girou, chocou com o meu e do abraço surgiu o beijo que na língua se
enleou.
O meu coração “Acreditou pela
primeira vez no impossível…” e quase morri!
#1169
#1169
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