Quando te encontrei, perdida,
Quase despida, encharcada,
E a mão, timidamente te estendi,
Senti todo o “Frio” que de TI vinha,
Percorrendo-me a espinha, provocando-me
Arrepios e subiu; subiu até aos olhos,
Turvou a imagem que pressenti,
Arrefeceu a sensualidade que do teu corpo
Jorrava.
Senti o “Frio” das traições que carregavas,
O gelo de um mar de sacrifícios, o sabor
Salgado que tinhas na boca, ouvi o entoar
Da marcha fúnebre que espirrava
Do teu olhar distante e fugidio.
Mas o meu corpo aqueceu, bebeu do TEU
Toda a sensualidade, toda a ternura,
E o que era apenas amizade, explodiu,
Espalhando estilhaços que cravejaram
Os corpos, acenderam desejos, dissolveram
Paixões, nasceram em cumplicidades,
Cavalgaram silêncios e segredos,
Calaram perguntas, apagaram dúvidas,
Mataram fantasmas; a mão que te segurava
Aqueceu, ferveu, contaminou tudo
O que era teu, os véus que cobriam os teus olhos
Desfizeram-se em caminhos que desbravei,
A boca transformou-se em fonte
Que saciou a minha sede, o corpo tornou-se
Aconchego, a saudade feriu em cada ausência,
O abraço desenhou-se em arma
Usada para nos defender.
Abri as portas que nunca estiveram fechadas,
Escancarei as janelas que nunca existiram,
Derrubei as paredes que jamais se tinham erguido,
Ofereci-te umas asas brancas de algodão,
Deitei fora a gaiola dourada,
Devolvi-te a liberdade que nunca te havia tirado.
A palavra que te gritei nunca te prendeu,
Porque AMO-TE, não é prisão,
AMO-TE é liberdade,
É deixar ir, mesmo que seja
Contra a nossa vontade.
#1193
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