terça-feira, 8 de outubro de 2013

“Flor”


Vejo-te por todo o lado
Onde vou; és imagem que me persegue
Linda, penetrando os meus olhos,
Fazendo doer cá dentro, onde a imagem
Se forma, de tão quente que me queima
A alma (se é que tenho alma), e alagas tudo,
Preenches-me, nada fica vazio,
Nada fica frio, enquanto o meu corpo
Responde, treme, deseja, mostra, faz.
Naquela praia esperava descansar,
Descansar de MIM e de TI; quando cheguei
Olhei o mar, muito azul e manso, completamente
Parado, como se alguém o tivesse
Enfeitiçado; encurtei o horizonte, olhei
Para perto e surgiste ali, sentada
Naquele degrau, feita deusa que se tornou
MULHER; as pernas esbeltas, a sensualidade
Dos saltos enormes e esguios, as pétalas
Que te rodeavam, a “Flor” que seguravas,
Tudo me agrediu, como se a leve brisa
Tivesse ganho a dureza de um punho
Que me esmurrou.

Eu sei que o viste, que o percebeste…
Senti o teu abraço, o teu enroscar,
O teu atravessar-me enquanto tudo de nós
Se intercalava, numa dança metade
Vermelha, porque da outra metade
A cor esqueci.

#1192

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