A porta encerrou-me, vi
A luz trémula das velas
Que iluminavam o quarto,
Os lençóis brancos da cama,
A cadeira que desaparecia na sombra;
Inalei o teu cheiro, porque não
Te via, apenas sentia,
Uma presença que me fugia,
Escondida dos meus olhos
Ainda inundados de luz.
A mão apoiada no meu pescoço
Virou-me; os lábios que sabia
Vermelhos e quentes, cortaram-me
A respiração; inundaram-me
A alma, incendiaram a paixão.
Um copo de vinho rubro,
Surgiu por entre as trevas,
Emergiu das sombras, fez-se
Sabor na minha boca, perfume
Que me inebriou; o copo pousou
Sobre a mesa, os sapatos de fino
Salto, voaram-te dos pés, percorrendo
O ar, silvando; chocaram não
Sei bem onde, caíram por ali.
Todas as barreiras se foram
Desfazendo, o desejo crescendo,
O calor aumentando, os corpos
Fervendo; a cama aproximou-se,
Ergueu-se, juntou-se-nos, engoliu-nos,
Misturou-se com os corpos,
Com o prazer, com os suspiros;
Nos gemidos entoaram-se
Versos, cantou-se amor,
Viveu-se paixão.
Na mesa ficaram esquecidos,
Os “Restos” da nossa noite de paixão.
#1129
Sem comentários:
Enviar um comentário