Sou capaz de muita coisa e, nem
de todas me orgulho, porque de entre elas existem grandes defeitos, teimosias,
casmurrices. Sim, sou teimoso, muito teimoso, completamente casmurro, e nunca
desisto do que quero ou penso fazer, se julgo que está certo, que é esse o
caminho, se tenho razão. Defendo a minha “dama” contra tudo e contra todos,
mesmo que o “todos” seja muita gente, e que essa gente seja lá quem for. Não,
eu não recuo, não paro, não me desvio do meu caminho, daquele que tracei e
decidi percorrer, a menos que me provem sem sombra de dúvida que estou errado.
Mas apesar de assim ser, não sou apenas
isto; tenho muitas incapacidades.
Sou incapaz de trair um amigo; os
amigos são sagrados, merecem tudo de mim. Esqueço todos os meus problemas,
ignoro tudo o que sinto, esqueço rancores de coisas passadas, e corro para o
seu lado quando me chama, me pede ajuda; muitas vezes mesmo que não o faça, e
apenas a suspeita me alerte.
Sou incapaz de não dizer a
verdade; a verdade é uma bandeira que tenho sempre hasteada, bem alta, tão alta
que é incontornável, tão alta que a uso mesmo sabendo que me é contrária, que
vou sofrer por dizê-la, que me prejudicará. Os meus amigos sabem-no, sofrem-no.
Digo-a, grito-a, defendo-a.
Sou incapaz de dizer “Eu bem te
avisei”, porque o que digo é um remédio que se toma na hora, nem antes, nem
depois; quem não o ouve é porque não quer, porque se julga certo, por isso,
quando vê que afinal o aviso valia, terá ele próprio de admitir “Ele bem me
avisou e eu não quis ouvir”; sou incapaz de esperar que me peçam desculpa.
Sou incapaz de esquecer; nunca
esqueço os meus amores, as minhas paixões, as loucuras que faço, os erros que
cometo, as vitórias que consigo, o bem que me fazem, o mal que me provocam, as
cumplicidades que mantenho, os olhos que penetro, as mãos que toco, os abraços
que me dão.
“AMO-TE”; sou incapaz de não o
sentir!
Sou incapaz de tantas vezes ser
capaz.
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