Leio, vejo, sinto,
Fome por todo o lado, na boca
De tanta criança; desespero
No emprego que se não vê,
Na espera, na revolta que espirra
Dos olhos, nas conversas de café.
Admiro a coragem, de quantos acordam
Sem saber o que fazer, e de si
Próprios tiram, pelo prazer
De ver os filhos crescer.
Mas o silêncio queima-me,
Irrita-me assistir à calma silenciosa
De tanta boca enganada,
Explorada, espezinhada por esta corja;
E tenho de gritar, barafustar,
Fazer meu o “Barulho” que calam,
Tomar nas mãos as suas bandeiras
Esfarrapadas, no protesto que me assiste,
E que sinto como meu.
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