sexta-feira, 20 de setembro de 2013

“Avenida”


Na noite, perco-me
Por entre as sombras,
Vagueio por ruas desertas,
Chapinho nos charcos que a chuva
Deixou, esgueiro-me por escadas
E becos, olho janelas fechadas,
Abano portas trancadas,
Desafio o medo que aparece
A cada esquina.

Na noite vejo as paredes apertarem-se,
O telhados dos prédios juntarem-se,
Encurtando distancias marcadas
A pastel, na tela de anónimo pintor;
Vejo a lua distante, tolhida
Na nuvem que a envolveu
E que não choveu.

Na noite vejo o sonho; sonho
Que se abre e se ilumina na cor
De um verso; vejo-te, aproximas-te,
Vens cavalgando a palavra AMOR.

Acontece! Tudo o que não via
Aparece! Tudo o que se juntava
Se alarga, volta tudo o que fugia
Porque da noite se fez dia,
E uma enorme “Avenida” se rasga,
Ocupando o espaço
Que me separa de TI.

Sem comentários: