quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Obrigado a TI !


Aquele bilhete amarelecido, gasto pelo tempo, que encontrei dentro de uma velha caixa de sapatos, amarrada com um fio queimado, perdido no meio de tanta carta, tentos outros bilhetes, esquecidos pelo passar de tantos segundos, e que tinha uma única palavra escrita, uma palavra pequena, sem assinatura, sem data, mas que ainda cheirava a ELA, que ainda sabia a ELA, porque ELA é inesquecível, sim, esse bilhete fez toda a diferença quando por acaso o reli.

Lembram-se da palavra escrita nesse bilhete? Eu sabia que se lembrariam, a palavra pequena era “AMO-TE”. Quem não a disse já? Quem não a ouviu já? Quem não a escreveu já? Todos, todos a escreveram, não duvido, e sentiram o que escreveram? Sentiram o que leram, sentiram quando a disseram. Sentiram quando a ouviram?

Aí reside a diferença, aí está a razão porque foi tão importante aquele bilhete quando o recebi e, depois, quando o voltei a ler, tantos anos depois. E desta pequena palavra, o mais importante está depois do traço, do hífen que a separa em duas, sentimento e “a quem”. O mais importante desta palavra partida em duas é o “TE”.

O mais importante porque o “TE” sou EU, e mesmo não sendo NINGUÉM, gosto que me amem quando amo, gosto que o TE seja grande, como o EU que dou é grande também, porque dou sempre muito, dou sempre demais, dou sempre para além das minhas forças.

E este “TE”, escrito naquele bilhete que também dizia “AMO” e tinha um traço no meio, vinha da mulher que amei apaixonadamente durante tantos anos, da mulher que me amou apaixonadamente durante todos esses anos e que depois se foi, porque nada é para sempre.

Esse “AMO-TE” fez-me ver a diferença enorme que existia entre essa antiga paixão interrompida pela vida, e a outra, a que estava a viver completamente cego, e a que faltava um “TE” igual, já que o “amo” era pequenino, irracional.

Foi esse “AMO-TE” que me acordou e me ajudou a mudar, a esquecer.

Obrigado a TI.

2 comentários:

Brincando de poesia disse...

Velhas caixas de sapato, sempre que abertas, trazem à tona bilhetes e lembranças. E que bom, que é assim.

Eu não sou ninguém disse...

Caixas de sapato pedaços de vida.
Obrigado.
Beijo.