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Começa sempre assim. Cedemos em
pequenas coisas, coisas com que não concordamos, mas sem importância, que não
valem uma discussão, uma palavra, porque o momento era bom, muito bom, e aquele
não iria estragar tudo, destruir o que se sentia, e o sim disse-se,
contrariando o que se deveria ter dito.
A nossa imagem distorceu, mas nem
demos conta, ficou menor, frágil, mascarámos o nosso eu, oferecemos o flanco. Quem
o sim ouviu, fica mais forte, mais senhor de si, possuidor de mais uma verdade
assente numa mentira, mas não quer saber. Inconscientemente já pensa na próxima
exigência (que interiormente apelida de pedido) e que não tardará.
A pouco e pouco, em cada momento
certo, pede, exige, ameaça veladamente, sugere desconfiança, acusa. Se a ceder
continuamos, perderemos o controlo, a nossa própria identidade, a nossa
liberdade. O saber dizer não, o saber ouvir um não, faz parte do amor que se
sente por alguém, pelo respeito que esse amor nos merece, pela confiança que o
deve acompanhar.
Mas quase sempre é mais fácil
dizer sim, e cada sim destruirá um pouco de ti.
Nunca abdiques da tua liberdade,
dos teus segredos. Quem não te respeitar não te merece.
2 comentários:
A arte de dizer "NÃO".
Dizer não, é difícil. E quando o destino do "não" é a pessoa amada... é doloroso também.
Obrigado pelo comentário.
É difícil sim. Mas é preciso saber dizer, ter coragem para dizer sempre que é necessário, porque senão vamos dar-nos mal pela certa.
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