domingo, 25 de agosto de 2013

O Pendulo.


O pendulo balançava de ritmo perdido
Numa cadência certa, perfeita, pendurado
De um fio quase invisível, que o afastava, afastava,
Trazia, trazia, pela linha que sempre descrevia
Subia, subia, quase parava e descia, descia.
No seu meio ficava enterrado, e pendia
Perto do chão, e aí se avizinhava
Mas não caía, preso que estava no fio
De onde se suspendia.

Para cá, para lá, ora longe,
Ora perto, ora cheio, ora vazio, habitando
Um coração deserto, ora EU, ora TU,
Agora estás, depois já não, porque será
Tão certo o pendulo da ilusão?

Traz a paixão, vem até mim, quase me toca
Mas logo foge levando a paz, volta a correr
Aproxima do peito todo o prazer, sobe e começa
A cair para trás levando a solidão que se afoga
Lá longe, onde acaba o curso de mais uma ida,
Com uma volta cheia de amor, devolve a paz,
Leva o medo e o último segredo envolto no negro,
E no seu vai vem marca ritmos, marca
Compassos de risos, de beijos, de mãos
Que se dão, de eternas promessas que nunca
Se cumprirão, de bocas que se mordem, de corpos
Que suam e se sacodem.

O pendulo vai e vem, faz o que tem que ser
Feito, sempre na curva a que tem direito,
Vindo hoje, indo amanhã, e no ritmo
Que o pendulo marcar, serás minha
Hoje,

E quando de mim se afastar…
Despedimos-nos com um adeus.

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