As mãos passeavam-se penduradas junto dos corpos,
Frias de esperas intermináveis, de cada desencontro
percorrido sozinho,
Apenas penduradas apontando o vazio.
Distraídas tocaram-se no acaso que se viveu numa
encruzilhada de cada caminho,
Tocaram-se levemente, e os nós de cada dedo encaixaram num
espaço vazio,
No vale dos sonhos que guardavam e defendiam.
Perceberam-se.
Procuraram-se.
Sentiram-se quando os dedos se enlearam, no abraço que lhes
faltava
Prometido no sonho adiado, que se perseguia, que tanto se
aproximava que tantas vezes fugia.
Apertaram-se com a força que o momento permitia, toda,
quente, doce
No sabor que se desejava e que não se enxergava engolido por
quem deveria
Ser,
E entre suspiros, lamentos, gemidos, apertaram-se,
sentiram-se, protegeram-se nos segredos
Que se construíram, nos que se confessaram, nos que se
adivinharam por ali.
As mãos sabem, as mãos sentem, as mãos conhecem o destino, o
futuro
Que não é, sem memória, sem sonho, envolto na névoa do
amanhã
Que um dia chegará.
Mas as mãos sabem que se precisam para sempre.
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