quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Mas as mãos sabem


As mãos passeavam-se penduradas junto dos corpos,
Frias de esperas intermináveis, de cada desencontro percorrido sozinho,
Apenas penduradas apontando o vazio.

Distraídas tocaram-se no acaso que se viveu numa encruzilhada de cada caminho,
Tocaram-se levemente, e os nós de cada dedo encaixaram num espaço vazio,
No vale dos sonhos que guardavam e defendiam.

Perceberam-se.

Procuraram-se.

Sentiram-se quando os dedos se enlearam, no abraço que lhes faltava
Prometido no sonho adiado, que se perseguia, que tanto se aproximava que tantas vezes fugia.

Apertaram-se com a força que o momento permitia, toda, quente, doce
No sabor que se desejava e que não se enxergava engolido por quem deveria
Ser,
E entre suspiros, lamentos, gemidos, apertaram-se, sentiram-se, protegeram-se nos segredos
Que se construíram, nos que se confessaram, nos que se adivinharam por ali.

As mãos sabem, as mãos sentem, as mãos conhecem o destino, o futuro
Que não é, sem memória, sem sonho, envolto na névoa do amanhã
Que um dia chegará.

Mas as mãos sabem que se precisam para sempre.

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