(imagem seleccionada por uma amiga, servindo de mote)
Querida,
Estou cheio de saudades tuas, de
te ver, de te abraçar, de me rir das nossas conversas loucas. Tenho saudades da
tua boca quente, dos teus abraços longos em que esquecemos que o tempo passa,
tenho saudades de te despir enquanto beijo cada pedacinho do ter corpo que se
revela, ter os teus seios na concha das minhas mãos, lamber lentamente cada
mamilo que assoma por entre os meus dedos. Tenho saudades, tantas saudades de
sentir as tuas coxas envolvendo a minha cintura, enquanto nos temos.
Queria estar agora a ouvir os
teus gemidos, os sussurros, as palavras obscenas que murmuras enquanto nos “comemos”
longamente e, quando o repetimos até à eternidade. Revejo os nossos corpos
cansados, escorrendo a água que brota de cada poro, agradecendo o gozo que
tivemos, todo aquele prazer imenso que sempre conseguimos partilhar.
Eu sei, Querida, que apenas
passaram dois dias, mas que queres, a carne fala sempre mais alto por aqui. Olha,
encontrei uma tela antiga, embalada, no meu escritório, e decidi desenhar-te. Queria
oferecer-te algo para que pudesses recordar-me, e nada melhor que um retracto para
o conseguir.
Coloquei a tela no cavalete,
agarrei o pau de carvão e imaginei-te, imaginei-te nua naquele quarto da pensão
rasca, para onde fomos da última vez. Desculpa a posição, a pose que escolhi. Nem
sequer é como gosto mais de te ver. Mas tinha que ser assim. Não podia pintar a
rosa vermelha que tens tatuada, sob o seio esquerdo, para recordar a primeira
rosa que te dei vai fazer agora cinco anos. Não podia, por isso estás assim.
Ainda tenho as mãos sujas de
carvão, as pontas dos dedos dormentes de afagar todo o pó, para suavizar os
contornos da tua silhueta, eliminando a rudeza dos traços. Foram muitas horas,
difíceis, porque enquanto desenhava, afinava, emendava, e os meus dedos
passavam sobre as curvas do teu corpo, nas imagens que brotavam dos meus olhos,
as saudades aumentavam, o desejo consumia, a vontade crescia.
Sim querida, o esforço foi
doloroso e dele resultou uma imagem de ti que nem queria, sem cara, sem seios, sem
rosa, sem a curva do ventre, sem o recorte dos joelhos… Mas imagina se o teu
marido te reconhecia!
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