AVISO: Descrição de cena de sexo, pode ser chocante para tradicionalistas.
Sob o vestido fino adivinhavam-se
as formas redondas, as curvas sinuosas e sensuais, despontavam as pernas
descobertas. Do decote transbordavam os seios, enquanto o tom avermelhado de um
mamilo despertava a imaginação.
Adivinhava o que se escondia
ainda, tapado, oculto, mas perversamente insinuado na pose que se antevia
sonolenta, desenhada contra o lençol branco que a cama cobria, cheia de
sensualidade, de promessas de mil prazeres, de desejos desmedidos, sentidos,
mostrados, envoltos numa brisa suave que crescia, crescia.
Parei na ombreira da porta, olhei
admirando aquele corpo que brilhava na obscuridade daquele quarto, vi a auréola
que o envolvia, cheia de mistério, senti o cheiro que inundou as minhas
narinas, ouvi no silêncio onde todas as vozes se calaram, senti-me envolvido
pelo tentáculo do desejo e sucumbi. Dei um passo, com a mão fechei a porta
atrás de mim. Lentamente aproximei-me, não queria que a magia se perdesse, que
o calor se extinguisse.
Os olhos acompanharam-me, senti
que aquele olhar me atravessava, me despia, me avaliava, me esperava. Apoiei um
joelho na cama, depois o outro, um dos braços alcançou o lado que se escondia
por detrás dela, as bocas aproximaram-se, uniram-se, beijaram-se. Apenas um
leve beijo em que os lábios entreabertos, procuraram os espaços em que não
havia lábios, absorvendo-se levemente. Um beijo leve de arrepio, de arrepio que
percorreu a espinha, como se as bocas há muito se conhecessem, se os espaços
fossem feitos para que o outro ocupasse, como se o arrepio fosse o adivinhar de
todos os prazeres antes sentidos e multiplicados.
A mão que me apoiava escorregou
lentamente no lençol macio e, o corpo empurrou o outro que o recebeu num
abraço. Rebolei lentamente para que passasses a ser o meu céu. Apoiaste as
mãos, elevaste o corpo, os teus seios roçaram a minha boca, deixando um doce
calor que se espalhou, que me invadiu.
Lentamente as minhas mãos puxaram
o vestido fino, despi-te o que dele restava ainda e te cobria. Os seios
redondos, apetecíveis, estavam ali, belos, suplicando por todas as carícias,
por todas as loucuras que as mãos desenhassem… e pelos beijos, pelo roçar da
língua, pelo leve mordiscar. Foi isso que fiz.
Senti duas coxas que me ladeavam,
senti o seu apertar a princípio suave, depois mais forte, mais forte, mais
quente, mais húmido. Senti como o teu ventre descia em mim, lentamente
procurando o que há muito se avolumara, na dureza imposta pelo desejo e pelo
prazer. Rodopiámos novamente para que o céu se trocasse e esquecendo os limites
do que nos suportava, escorregámos, caímos, e encontrámos o chão, que
felizmente estava perto.
A gargalhada ecoou sonora,
autêntica, feliz, mostrando bem que o que se sentia não diminuíra, antes
crescera na surpresa do que acontecera. Elevei-te, sofregamente beijei cada
seio, como se um desconhecesse o outro, como se o prazer de um o outro não
sentisse… mas sentia. A cada beijo, de cada vez que a língua um roçava, o outro
tremia, crescia. Ouvia-se o prazer, sentia-se o desejo, cheirava-se a vontade.
Desci, desci beijando sempre,
devagar, sem aquela pressa que tudo faz terminar, excitado por cada gemido que
ecoava na minha cabeça. A mão entalou-se entre as coxas, afagando cada uma,
aflorando o rio que já corria por ali. A boca aproximou-se, acercou-se da
fronteira onde a pele deixa de o ser, onde a pele se transforma em carne, onde
o desejo e o prazer se misturam e explodem, fazendo parecer pequena a luz de
todas as estrelas. A boca cobriu tudo mas não tocou, apenas deixou um breve
sopro, quente, escaldante. A tua mão posou na minha nuca, empurrou, o desejo
acordado era enorme, precisavas, querias, desejavas que por ali entrasse, mas
fugi. Fugi mas beijei bem perto, lambi à volta e… parei.
Senti que em ti algo explodira,
um dos dedos tacteou o carmim e mergulhou no infinito. Rodou levemente, o teu
corpo arqueou-se, depois encolheu-se, as coxas quase me sufocaram nos seus
incontrolados movimentos. Saltavas como uma égua selvagem que a todo o custo se
quer libertar do cavaleiro. Outro dedo se juntou ao primeiro e o salto foi
maior, mais violento, escorrendo espuma, como se a boca da égua tentasse
engolir o freio que a amordaçava.
Quando o frenesim se tornou
enorme e os gemidos se juntavam uns aos outros sem intervalo, então sim, a boca
assomou, juntou-se como ventosa, chupou colada, cobrindo tudo e, a língua
procurou nas profundezas o prazer que antes recusara. Aos gemidos juntaram-se
palavras, soltas, abandonadas, gritadas ao vento para que todos ouvissem, para
que todos avaliassem o que se passava, enorme grito de liberdade e de libertação
que ecoava, ecoava e me excitava.
Os tremores voltaram mais uma
vez, mais intensos, mais molhados, como se a sua nascente fosse insaciável,
inesgotável. Continuei, trocando a força, mudando a intensidade, parando,
acelerando, abrandando.
Repentinamente fugiste, abraçaste
com as pernas o meu corpo, agora debaixo de ti, enquanto cada joelho apertava a
minha cintura. A tua mão procurou o que te esperava, segurou-o, e num ápice
desapareceu engolido num movimento ritmado que o mantinha nas profundezas da alma
ou o trazia à orla da floresta. O teu prazer misturava-se agora com o meu e
tornava-se enorme, tórrido, escaldante. Tentei em vão afastar o pensamento,
adormecer todos os nervos que freneticamente mandavam ordens para o meu
cérebro, tentei interromper essa corrente, mas não resultou.
Gritei – Querida, não esperes,
por favor não esperes, vem comigo, sente comigo, morre comigo – e explodi, bem
lá dentro, profundamente e senti, senti que a cada movimento correspondias,
deliravas, não consegui perceber as palavras que articulavas e que mais
pareciam gritos de fera enraivecida. Não paravas, eu não parava tentando sempre
atingir o fundo que se estendia, que não arrefecia. Por fim fomos abrandando
extenuados, satisfeitos, cheios de carinho, na ternura dos beijos que começámos
a trocar.
Escorregaste sobre mim, senti a
tua cabeça aninhar-se no meu peito, senti a tua boca beijar-me. Descansaste um
pouco, depois continuaste a descer, percorrendo com a língua a pele suada,
causando-me um arrepio a cada toque. Foste descendo até que encontraste meio
adormecido o que procuravas. Os teus lábios desenharam um botão de rosa
vermelha que o sugou, escondeu. Senti o roçar da língua que o despertou, senti
o sangue procurar outro lugar.
Não sei bem como o conseguiste,
mas sei que o conseguiste. E o que jazia quase morto de cansaço acordou, como
se fosse a primeira vez e tu sentiste e sorriste. Sim acreditaste e
continuaste. O meu corpo imitou o teu, nos saltos, nos volteios, e a cada roçar
da língua, a cada subir e descer, em cada aflorar e mergulhar, sentia-te,
sentia-me, sentia-nos.
Quando tudo parecia estar a
terminar, saíste, rodopiaste e voltei a comandar. Procurei o meio, entrei
faminto enquanto as tuas pernas agora abraçavam o meu pescoço. Naquela posição
conseguia chegar mais fundo, bem mais fundo e os gemidos voltaram, os gritos
voltaram, o prazer chegara ao seu auge, o desejo atingira o infinito….
Explodimos, explodimos como um
único corpo enquanto as bocas se uniram num beijo sôfrego e as línguas se juntavam
numa só, presa, colada, sugada. Os olhos estavam fechados porque não era
preciso ver aquilo que os corpos contavam. Nenhum de nós queria saber porque
acontecera, nenhum de nós queria investigar como tinha sido, nenhum de nós
queria decorar os movimentos, as caricias, as ternuras trocadas, preparados que
estavam para as repetir, inventando tudo de novo para que em cada nova
surpresa, voltassem a encontrar todo o desejo agora consumido, para acenderem
outra fogueira sobre aquela terra queimada, para que a erva verde tornasse a
nascer por ali.
Depois adormecemos abraçados,
íamos decerto sonhar.
2 comentários:
Muito bom. Faz a imaginação ganhar vida. És de fato um provocador.
Sim amiga, sou mesmo um provocador.
Mas eu aviso sempre. Descreveste perfeitamente o objectivo deste texto, não é s cena de sexo que interessa mas a tua imaginação.
Obrigado pelo teu comentário.
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