Os pombos estavam lá.
A água estava lá.
O charco estava lá.
As pedras negras estavam lá.
A calçada estava lá.
As janelas reflectidas estavam lá.
Sim, mas não chovia,
Também não chovera,
Os pombos não formavam bando,
As pedras não eram iguais,
A calçada não era perfeita,
As janelas não eram imagens.
Tudo verdade,
Tudo igual,
Tudo se juntou naquela
Hora, e ficou para sempre
Impresso, desenhado,
Perfeito.
Tudo não,
Falta ali um sinal
De ti, no pé que assoma
Do sapato que chapinha,
E faz desaparecer o reflexo
Que torna a imagem
Perfeita.
Falta ali um sinal
De mim, e do pé
Que junto ao teu
Estaria, para desenhar
Todos os salpicos ao bater,
E faria desaparecer o reflexo
Que torna a imagem
Perfeita.
Falta ali um sinal
Das mãos, que dadas
Estariam, para nos equilibrar
Na loucura que adoramos
Ter,
E faria desaparecer o reflexo
Que torna a imagem
Perfeita.
Faltamos apenas…
(António Amaral)
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