sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Vocação


Tropecei no violino
Que as ondas cavalgava,
Afaguei-lhe o braço,
Dedilhei cada corda,
Deixei o arco fugir,
Escapou-se,
E o som não me cresceu,
A melodia nasceu apagada,
Mais pareceu grasnar de corvo,
O silvo de uma serpente,
E no vento… morreu!

Então ouvi a palavra que me soava,
A sílaba que me faltava,
A vírgula que me escapava,
Na sofreguidão do corpo
Que da névoa da noite assomava.
Toquei-te como ao violino
Fizera,
Dedilhei-te feita corda retesada,
E a boca fez-se arco,
A anca vibrou,
A boca soou,
A melodia nasceu
Na “Vocação” que os dedos
Inspirou,
Cresceu a orquestra
No crescendo surdo
De cada momento.

#1878

Sem comentários: