“Mãos”…
Tenho duas, iguais
Na imagem do espelho,
Onde se trocam e confundem,
Mas opostas no lado,
Diferentes no sentir
E no agir.
A direita segura
A pena, molha o aparo,
Escreve;
A esquerda agarra
A folha, para que não fuja,
Ajeita o papel,
Amarrota o poema recusado;
No teclado a esquerda
Participa e é mordaz,
Provocadora,
Agressiva,
Enquanto a direita tenta,
Amainar a raiva,
Com versos doces
Que lhe mistura;
A esquerda é comandada
Pelo coração,
A direita pela razão.
Por isso a direita afaga
O teu rosto com carinho,
Percorre os teus lábios
Com os dedos,
Suavemente,
Como uma leve pena,
Enquanto a outra,
Te envolve a nuca
E sofregamente a empurra,
Para que as bocas se devorem
E o beijo seja quente,
Ardente,
Interminável.
A direita desce,
Procura cada seio que afaga,
Mas a esquerda envolve a cintura,
Arrastando o braço
Que a suporta,
Comprimindo-te,
Apertando-te como uma tenaz,
Fazendo os ventres fundir-se,
Expulsando o ar dos pulmões,
Criando a vertigem da alucinação.
A mão esquerda é aquela
Que te guia na dança,
Que te acerta no passo
Arrojado do tango,
Enquanto a direita
Te ampara, docemente
Pousada na tua cintura.
As minhas “Mãos”
São diferentes…
A direita é amor,
Suavidade,
Cumplicidade,
A esquerda é paixão,
Provocação,
Emoção.
#1426
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