sexta-feira, 4 de outubro de 2013

“Copo”


Da sílica da areia nasceste,
Transformado em água pelo fogo
Ateado num forno qualquer; do cadinho
Correste vermelho, de borra coberto,
No teu próprio sujo.

Uma gota tua agarrou-se na vara,
Que mãos hábeis em ti mergulharam,
E da boca dessas mãos
Te sopraram, rodaram, arredondaram,
Até que a perfeição chegasse; foste
Alisado, arrefecido, cortado; desapareceu
O vermelho do quente
E ficaste transparente. Outra gota
Juntaram onde o V terminava,
E da gota esticada nasceu
Pé, achatado na ponta, arredondado
Para te equilibrar na bandeja
Ou no tampo da mesa.

E a tua beleza era tal
Que quiseram imortalizar
Tua imagem,
E o resultado afinal,
Foi o que aqui se vê,
Ninguém diz que és “Copo”
E o que conseguem enxergar
A tua mente vai emporcalhar. 

#1159

Sem comentários: