quarta-feira, 2 de outubro de 2013

“Civismo”


Na bancada do estádio,
Pontapeado o vizinho sentado,
Brandindo o punho, cerrado,
Chamamos o árbitro de cabrão,
Desonrado pelo apito
Que até devia ser, dourado…
Isto é “Civismo”!
As trombas que o puto
De vinte anos, mal-amanhado,
Sentado no banco no banco,
Mesmo ao lado do aviso, faz
Para se levantar, quando o velho
De olhar cansado, lhe diz:
- Desculpa filho, preciso de me sentar.
Isto é “Civismo”!
E a miúda que mal fez dezoito,
De saia curta e travada,
Com a coxa toda encarnada,
Amassada pela queca,
Depois de o namorado lhe arrancar
A cueca, na caixa do supermercado,
Usa a gravidez do preservativo furado,
Para comer por parvos,
Todos os que na fila esperam
Calados.
Isto é “Civismo”!
E o discurso do político que perdeu,
E cheio de lata, começa:
“Quero agradecer a todos, o civismo
Demonstrado nas urnas, calados,
Aceitando as mentiras, os roubos
Que fiz, as minhas aldrabices,
Ainda bem que não ganhei…
Também já não sabia onde colocar
Aquilo que vos tirei!”.
Isto é “Civismo”!

Também, com este “Civismo”
Não me admira,
Estamos no caminho certo;
Até lhe batemos palmas,
Dizendo na maior das calmas
- “Ele é o mais esperto.”

#1149

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