terça-feira, 3 de setembro de 2013

Debaixo das pedras há vermes


Debaixo das pedras há vermes, coisas rastejantes que se escondem, aproveitando a cova, bebendo o fresco da sombra, fugindo dos pés que se passeiam, das pegadas que se afundam, cegos que nunca viram luz, não enxergaram as cores de um arco-íris, o branco do malmequer. Coisas rastejantes que evitam olhos, que circundam olhares, que aproveitam o dia para descansar, planear, urdir, inventar, mentir para depois, na noite, atacar.

Debaixo das pedras há vermes, coisas rastejantes, que nunca encaram, nunca olham de frente, que baixam os olhos para disfarçar o que sentem, o que estão a tramar, pintando de preto a lâmina não vá um raio de sol denunciar.

Debaixo das pedras há vermes, coisas rastejantes, que se pisamos se desfazem envenenando tudo em redor, fedendo rancores, ódios, falsos amores, cobardias, meias verdades e mentiras, invejas, sim o pior são as invejas que rastejam a seu lado, dando à noite o nome da víbora, misturando o fel, o veneno e o mel.

Hoje anoiteceu subitamente, e por debaixo das pedras, os vermes, as coisas rastejantes, assomaram, escondidos nas sombras atacaram, escolheram uma vítima entretida que estava a olhar outros olhos, a partilhar horizontes de esperança e, pararam o relógio, suspenderam o amor, porque o amor é subversivo, o amor é capaz, o amor é arma.

Debaixo das pedras há vermes, coisas rastejantes, que apenas dão pequenas dentadas, que se misturam com pequenas vitórias, que acabam por perder todas as batalhas, porque de ódios são cegos, de invejas são surdos, de cobardia são quietos.

Debaixo das pedras há vermes, coisas rastejantes que sempre atacarão quem ama, mas quem ama sempre os vencerá!

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