Eram duas gotas de orvalho,
Muito transparentes, cheias
Das tonalidades roubados
Ás luzes das madrugadas,
Nos cheiros das flores silvestres,
Brancas, amarelas, das ervas verdes,
Das negras borboletas
Nocturnas, de beleza perdida
Na escuridão das noites.
Eram duas que ali estavam,
Entradas pela frincha da janela
Mal fechada, esquecidas
Pelas mãos de quem tudo limpou
E as poupou.
Os namorados chegados,
Procuraram as cadeiras vazias,
Da última fila da sala de “Cinema”,
Prontos, para se esquecerem
Na escuridão; as gotas de orvalho
Deixaram-se escorregar,
E o ar atravessaram em trajectória
Improvável e, cada uma achou
O canto dos olhos que apaixonados
Olhavam os que na sua frente
Se encontravam.
Ele olhou-a, viu as gotas e
Não percebeu; e o que julgava
Lágrimas, lambeu.
Atónito ficou com o que de sal
Não existia; então perguntou:
Porquê?
#1142
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