“Cacos”

É uma descida sinuosa, pejada

De precipícios, curvas apertadas,

Buracos, pedras, avalanches;

Raramente o declive diminui,

Abrandando apenas por breves

Instantes, armadilha que ignoro,

Porque a pique se prepara

O continuar.

Sou perito nestes malabarismos

De equilíbrios instáveis, de sedes

Insaciáveis, de calores abrasadores,

Nas curvas que escondem mãos,

Que nos seguram ou agridem

De supetão.

Muitas vezes caiu, esfolo

Os joelhos, arranho os olhos,

Misturo-me com a areia

Do chão, desfaço-me…

Depois ergo-me, apanho todos

Os “Cacos”, reconstruo

O meu exército,

E tento aprender.