terça-feira, 17 de setembro de 2013

“Amar”


Dizemos coisas, muitas coisas e dessas
Coisas, há coisas que se fazem, coisas que se cumprem
Nas promessas, nas juras, no louvor
Desta ou daquela amizade, no arder
Da mais forte paixão, no sabor adocicado
De um amor que afaga as palavras que se fazem,
De cada floresta que cresce nos olhos,
No silvo da folha verde que a língua
Mastigou com olhos de verdade.

Dizemos coisas, muitas coisas e dessas
Coisas, há coisas que queríamos fazer, na sinceridade
Com que as afirmámos, na intenção em que as pintámos
Naquele momento em que os olhos, os TEUS olhos
Juntaram as forças de muitos mares, acenderam
Mil fogueiras de desejo, tornaram transparentes
Medos, gritaram os segredos escondidos
Em todas as mãos fechadas, mas as coisas
Que queríamos fazer não chegaram a ser
Feitas, porque faltou o abraço, as mãos dadas
Escorregaram, os pés não conseguiram pisar
Aquele quadrado de chão
Que os esperava.

Dizemos coisas, muitas coisas e dessas
Coisas, há coisas que dissemos que faríamos
Mas que eram mentiras, mentiras ditas como se fossem
Verdades, rosas em que o vermelho foi
Pintado á mão, colorido sobre o negro
Da ilusão afirmada,
Onde o doce que se ofereceu, não passava
De veneno disfarçado em anis,
Servido num copo sem pé, pela mão do leproso
A quem faltam bocados, apodrecidos
Pela mentira, pela sedução insinuada
Num beijo em que a língua bífida, invade
A boca que ofereces para “Amar”.

Dizemos coisas, muitas coisas e dessas
Coisas, há coisas que nunca deveríamos ter dito,
Apenas porque não deveriam ser ditas,
Apenas porque não valia a pena dizê-las,
Apenas porque foram arremessadas,
Apenas porque eram palavras desperdiçadas,
Apenas porque quem as ouviu não queria,
Apenas porque quem as disse já sabia,
Apenas porque há coisas… impossíveis de dizer,

Apenas porque AMO-TE não se diz!

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