A saia curta, rodada, branca nas rendas,
Pouco lhe cobria das coxas perfeitas,
Deixando adivinhar insondáveis prazeres
Que entre elas se escondiam, nos rubros desejos
Da bela Bailarina.
Nos pés, as pequenas sabrinas pretas,
Esvoaçavam, enquanto mostravam
O nascer de cada dedo, daqueles pés
Que estranha melodia entoavam,
Em cada passo, em cada salto, em cada “plié”.
A Bailarina tinha olhos de cegonha, olhos
Que viam para dentro de cada chaminé,
Enquanto voava bem alto, perto de cada nuvem
Que a envolvia quando se aproximava,
Olhos irrequietos, que não se fixavam na ânsia
De fugir, de se esconder, de não parar
Para sentir. A Bailarina via mas não guardava.
A Bailarina tinha cabelos de oiro,
E no seu doirado brilhavam; guardavam
As gotas de chuva que seguravam,
Enquanto o vento os tornava folha
Que sinuosamente voava,
Que insinuantemente se impunha,
Que gostosamente se instalava.
A Bailarina tinha qualquer coisa
Que encantava.
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