sexta-feira, 6 de setembro de 2013

= 9 9 8 = Perigosamente Perto


Perigosamente perto,
O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto do que para si traçou, do que na dor
Alcançou, de tudo o que sentiu, cicatriz
Após cicatriz, de todas as que lambeu, do sangue
Que verteu, da inquebrantável vontade, de tudo
O que ganhou, dos sonhos alisados em intermináveis
Esperas, nas chuvadas em que se molhou.

O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto de voltar aquele lugar que faz tempo
Abandonou, onde as chamas são mais quentes,
Onde o sol é mais azul e o céu mais vermelho,
Onde a areia rega a rosa e o mar seca a pedra,
Onde tudo é improvável e o sonho nasce acordado
De tanto ser pensado,
Reconstruído,
Desejado.

O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto,
Perto porque quer,
Perto porque prometeu,
Perto para cumprir,
Perto para alcançar,
Perto para oferecer,
Perto para esperar e não ter,
Perto para prender,
Demasiadamente perto
Para Libertar.

O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto para se sentir trespassado pela esquecida
Saudade,
Perdida em cada cumplicidade recordada,
Em todas as lágrimas outrora partilhadas,
Em cada abraço que o tempo prolongou
No calor de um corpo que esfriou,
Em encontros e desencontros, nos silêncios
Que foram falados, nos momentos
A dois escolhidos, na fogueira que os queimou.

O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto para calar!


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