Perigosamente perto,
O Lobo está perigosamente perto,
demasiadamente
Perto do que para si traçou, do
que na dor
Alcançou, de tudo o que sentiu,
cicatriz
Após cicatriz, de todas as que
lambeu, do sangue
Que verteu, da inquebrantável
vontade, de tudo
O que ganhou, dos sonhos alisados
em intermináveis
Esperas, nas chuvadas em que se
molhou.
O Lobo está perigosamente perto,
demasiadamente
Perto de voltar aquele lugar que
faz tempo
Abandonou, onde as chamas são
mais quentes,
Onde o sol é mais azul e o céu
mais vermelho,
Onde a areia rega a rosa e o mar
seca a pedra,
Onde tudo é improvável e o sonho
nasce acordado
De tanto ser pensado,
Reconstruído,
Desejado.
O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto,
Perto porque quer,
Perto porque prometeu,
Perto para cumprir,
Perto para alcançar,
Perto para oferecer,
Perto para esperar e não ter,
Perto para prender,
Demasiadamente perto
Para Libertar.
O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto para se sentir trespassado
pela esquecida
Saudade,
Perdida em cada cumplicidade
recordada,
Em todas as lágrimas outrora
partilhadas,
Em cada abraço que o tempo
prolongou
No calor de um corpo que esfriou,
Em encontros e desencontros, nos silêncios
Que foram falados, nos momentos
A dois escolhidos, na fogueira
que os queimou.
O Lobo está perigosamente perto, demasiadamente
Perto para calar!
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