Podemos amar perdidamente dezenas
de vezes, sentir as paixões mais loucas, mais avassaladoras, mais gratificantes,
que a próxima vez será outra vez como a primeira. Sentiremos mais uma vez a
surpresa, buscaremos todos os porquês que nos inquietam, não acharemos nenhuma
resposta, nada que o justifique, será mais uma paixão misteriosa, algo que
nasceu do nada, igual a todas as outras, que nos torna meninos a quem
ofereceram um brinquedo novo, algo porque há muito ansiava.
A paixão é assim, imprevisível, injustificável,
porque se não o fosse não seria paixão, fulminando os corações feita um raio
que surge no negro da noite, tornando-a no dia mais ensolarado. A mente fica
presa, os pensamentos confundem-se, o sentimento abarca todos os momentos,
deixamos de ser o que somos sem saber explicar o que nos transforma, cedemos a
tentações impensáveis, fazemos o que nunca esperámos fazer.
Depois deixamos de tentar
perceber, deixamos de tentar explicar, e todas as nossas forças, todo o nosso
corpo, todos os nossos pensamentos se voltam e se consomem naquela chama quente
que enfraquece as nossas vontades e investimos, investimos tudo sem pensar, sem
temer, mesmo que o medo se apodere de nós, mesmo que o ciúme nos invada, mesmo
que a razão nos diga para retroceder.
A paixão ataca sempre à traição e,
quando a percebemos já é tarde, é sempre tarde.
Mas de todas, existe sempre uma
que é a maior, a mais perfeita, a mais completa. Uma que nos faz amar
loucamente, que nos faz sentir intensamente, e que nada tem a ver com o tempo
que dura, com o que se fez ou deixou de fazer, com beleza ou perfeição, com
corpos ou com prazer. A maior de todas vive de cumplicidades criadas, de
cumplicidades vividas, com a intensidade do olhar, com a comunhão dos
pensamentos, com as palavras, com os silêncios.
Quando estamos apaixonados somos
felizes, seja lá o que isso for.
E para mim, um enorme paixão,
pode até nem ter chegado a ser… Paixão!
Sem comentários:
Enviar um comentário