segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pode até nem ter chegado a ser...


Podemos amar perdidamente dezenas de vezes, sentir as paixões mais loucas, mais avassaladoras, mais gratificantes, que a próxima vez será outra vez como a primeira. Sentiremos mais uma vez a surpresa, buscaremos todos os porquês que nos inquietam, não acharemos nenhuma resposta, nada que o justifique, será mais uma paixão misteriosa, algo que nasceu do nada, igual a todas as outras, que nos torna meninos a quem ofereceram um brinquedo novo, algo porque há muito ansiava.

A paixão é assim, imprevisível, injustificável, porque se não o fosse não seria paixão, fulminando os corações feita um raio que surge no negro da noite, tornando-a no dia mais ensolarado. A mente fica presa, os pensamentos confundem-se, o sentimento abarca todos os momentos, deixamos de ser o que somos sem saber explicar o que nos transforma, cedemos a tentações impensáveis, fazemos o que nunca esperámos fazer.

Depois deixamos de tentar perceber, deixamos de tentar explicar, e todas as nossas forças, todo o nosso corpo, todos os nossos pensamentos se voltam e se consomem naquela chama quente que enfraquece as nossas vontades e investimos, investimos tudo sem pensar, sem temer, mesmo que o medo se apodere de nós, mesmo que o ciúme nos invada, mesmo que a razão nos diga para retroceder.

A paixão ataca sempre à traição e, quando a percebemos já é tarde, é sempre tarde.

Mas de todas, existe sempre uma que é a maior, a mais perfeita, a mais completa. Uma que nos faz amar loucamente, que nos faz sentir intensamente, e que nada tem a ver com o tempo que dura, com o que se fez ou deixou de fazer, com beleza ou perfeição, com corpos ou com prazer. A maior de todas vive de cumplicidades criadas, de cumplicidades vividas, com a intensidade do olhar, com a comunhão dos pensamentos, com as palavras, com os silêncios.

Quando estamos apaixonados somos felizes, seja lá o que isso for.

E para mim, um enorme paixão, pode até nem ter chegado a ser… Paixão!

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