Ontem não queria pensar, tinha
posto o meu cérebro a gozar férias, mas depois li um artigo sobre a juventude
portuguesa, um artigo que me aqueceu as válvulas (sim porque eu ainda não sou transistorizado),
e isso fez com que não possa ficar calado. Estou a falar de “putos” entre os 16
e os 25 anos (e alguns com mais), que no Maio de 68 e no 25 de Abril de 74,
ainda nem sequer tinham estatuto de espermatozóide, enquanto eu, os pais deles
e os avós deles, andávamos a “dar o corpinho ao manifesto”, a fugir à polícia,
à GNR e à PIDE, porque nessa altura eramos jovens e lutávamos pelos nossos
direitos, num regime que era opressor e que não perdoava às vozes que se
levantavam, jovens que embora se encontrem desempregados, esquecidos, postos à marem,
não mexem uma palha para defender os seus direitos.
Se calhar quem tem culpa desta
situação somos nós, os pais e os avós destes mentecaptos, que se julgam donos
de toda a verdade, grandes pensadores que ficam todo o dia em casa a dormir,
porque passaram a noite com umas “bejecas” de litro escondidas dentro de sacos
de plástico, ou a fumar umas “ganjas” pela 24 de Julho, por Alfama ou no Bairro
Alto, e quando se levantam vão para o FACEBOOK publicar fotos da “noitada”
abraçados à namorada igual a eles em tudo.
Somos nós que temos a culpa
porque os devíamos correr de casa ao pontapé, cortar-lhe as mesadas, as chaves
do carrinho, o dinheiro para o gasóleo, as roupinhas de marca, e mandá-los para
a Assembleia da República gritar, interromper as reuniões do hemiciclo, serem
presos por desacatos e atentados à ordem pública, porque isso só lhes fazia bem.
Devíamos obriga-los a ir para as
manifestações sindicais, dar força a quem trabalha, gritarem as suas próprias
palavras de ordem, enfrentar a Polícia de Choque à pedrada, levarem umas
bastonadas nos costados, ficarem com umas cabeças partidas, serem presos por
desacatos, várias vezes, porque só lhes fazia bem… A eles e ao País que precisa
de quem grite, de quem não cumpra as ordem da cambada de incompetentes, gatunos
e corruptos que continuam a encher as algibeiras alegremente.
Sim, porque são estes “putos de
merda”, preguiçosos, indolentes, estúpidos calões, conformados, que têm que se “chegar
à frente”, encherem as cadeias, os tribunais de polícia, as ruas, as
manifestações, tem que ser eles a gastar a voz nas palavras de ordem e não nos
concertos das operadoras de telecomunicações ou das marcas de cerveja, porque o
futuro, o dia de amanhã pertence-lhes e não a mim.
Estou farto de “putos” que têm a
mania que são homens.
Sabem o que isto é? Chama-se Internacional Comunista e foi o hino que o meu pai cantou, enquanto andou a fugir, comigo ao colo, perto do Liceu Camões, nas eleições em que o General Humberto Delgado se candidatou, dos cavalos e dos sabres da GNR.
Copiem-na para os vossos leitores de MP4, para os iPods, iPads e telemóveis de última geração, que povoam as vossas algibeiras e oiçam-na até se cansarem. Ignorem a letra, as conotações políticas, a época, e oiçam só a música... Pode ser que vos inspire, que vos ensine a marchar.
Só isso já era uma vitória.
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