© Nino Muñoz
A conversa calou-se, os olhos descansaram num olhar e
ficaram presos, o riso substituiu-se, o silêncio encheu o espaço numa enorme
onda, as paredes foram-se aproximando, o espaço encolheu, quase nos tocavam, o
medo fez as mãos procurarem ajuda…
De repente, inexplicavelmente a vela apagou-se e tudo
mergulhou em escuridão…
Mas o medo desapareceu,
os olhos continuaram a olhar mesmo sem nada ver, as mãos continuaram presas no
enlear dos dedos que se apertavam, o calor foi tomando conta dos braços, do
peito, dos ventres. A distancia encurtou… o riso voltou mais quente, o riso
transformou-se em gargalhada que irrompeu pelas nossas narinas, remexeu o
cérebro distraído.
As paredes, as janelas,
a mesa, os copos, a cama iluminaram-se de um vermelho vivo, vermelho das chamas
que haviam despontado nos corpos agora abraçados. Desejei dizer o que sentia,
mas como se os lábios estavam ocupados nas delícias da boca que comigo tremia?
Então a boca
afastou-se, senti-a junto ao ouvido, um leve sopro, apenas uma brisa, e ouvi: “Eu
faria Amor contigo agora… “. Se o calor ali nos tinha levado, não
fazia sentido perguntar.
A última palavra que
pronunciei foi “Querida”, porque do resto os corpos contam a história do que
aconteceu.
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