Quando se ama, entregamos parte
de nós, tudo de nós, desejos, aspirações, sonhos, todas as forças, todos os
empenhos, os nossos corpos, aqueles olhares que se prendem no ar, as palavras
que se dizem, que se formam, que inventamos novas, com outras letras, com
outros verbos conjugados a dois e, o tu e o eu fundem-se em nós.
Os corpos reconhecem-se em cada
toque, as mãos desenham telas de luz quentes, pintadas de primaveras correndo
por outros tantos verões, animadas de cantos, melodias, onde borboletas são
maestros de enormes orquestras de rouxinóis interpretando hinos de eterna
alegria.
Quando se ama fazemos das
promessas fogo.
Por isso é proibido amar aqui.
Aqui não se promete nada, aqui
não há sonhos para realizar depois, nem para lutar, nem futuros a construir,
nem pôr-do-sol para admirar, nem sequer outro nascer de dia para esperar. Aqui
não existem caminhos construídos, não há hinos, nem rezas, nem esperanças, nem
corpos que se prometem para sempre, até que a morte nos separe ou o ódio se
instale… Aqui não há amanhã!
Por isso é proibido amar aqui.
Aqui pode querer-se, pode desejar-se,
aqui pode ver-se, aqui pode tocar-se. Aqui pode-se tudo, mesmo tudo aquilo que
os amantes desejam, querem, fazem… Aqui há bocas, aqui há mãos, aqui há corpos,
aqui há desejo, aqui há sensualidade, aqui há luxúria, aqui há tudo aquilo que
existe quando nasce amor ou se incendeia a paixão.
Aqui há tudo menos amor… Porquê?
Porque é proibido amar aqui.
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