domingo, 28 de julho de 2013

Adeus dia


Termina mais um dia, envolto no vermelho de um horizonte, misturado em amarelo, nos dourados das searas, no negro dos xistos e escurece, escure e fica negro.

Negro de mais uma noite que desponta por entre os vermelhos misturados com os amarelos e os negros dos xistos. Com ela traz o negro da escuridão que nos medos se mistura com o uivar do lobo que não a teme. Nasce e cresce no tempo dos silêncios, das esperas, dos sonhos, dos sonos que se não querem.

Com a noite chega tudo o que se não vê.

Com a noite chega o amor, chega o desejo que se mistura com corpos nus, chega o sonho apagado pela luz, chega a esperança de quem esmoreceu ao ver o mar, chega a saudade do que se foi no ontem que já brilhou, chega também o cansaço que se dissolveu num abraço que se deu. Com a noite chegas.

A noite traz-me sempre luz, brilho, calor, e TU.

A noite mostra-me os olhos que se escondem nas curvas dos segredos, os corpos em transparências esvoaçantes das sedas coloridas, as imagens que o dia ocultou esmagadas por tantos pesos e desesperos.

A noite ameaça compromissos, abanados pela leve brisa que se transforma em vento, pelo calor que as pedras soltam quando se encontram com os nossos pés caminhando às cegas, no sentido das palavras que se juntam, nas cumplicidades que o negro purifica, nos tabus que se desfazem em momentos de carinho, nas confissões de tantos medos e desilusões, nos sonhos que são verdes de esperança, vermelhos de desejo, nas realidades ténues do incerto amanhã.

Mais uma noite nasceu, adeus dia.

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