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Oitocentos e oitenta. Que lindo
número este. Faltam cento e vinte para atingir aquele de quatro algarismos que
te prometi, e desta vez tenho a certeza que não tens lido o que te escrevo,
mesmo quando não me apetece, mesmo quando me apetece apenas bater-te.
Tenho a certeza porque há um mês
que não te mando o mail a que te habituaste, durante este tempo que correu
contra mim. Não, não te rias, não estou arrependido de o fazer, de ter fechado
a torneira onde costumavas beber, mas a culpa não é minha foste tu que me
obrigaste a tal fazer.
Sim eu lembro-me, lembro-me como
se fosse hoje, agora, que tudo o que isto provocou foi uma palavra, uma simples
palavra de mil significados que te recusaste a perceber. Pediste explicações
que não te queria dar porque sabia que te iria magoar, mas tanto insististe que
ouviste a verdade, nua e crua, como é meu costume. Lembraste? Sinceridade,
verdade, mesmo quando me dói, quando me magoa. Sempre, sempre, mesmo que como
desta vez me tenha feito mal.
Mas ainda bem que assim foi.
Remorsos não tenho, fiz o que devia fazer. Avisei-te do que via, de como os
meus olhos não queriam acreditar no que ali estava, que se lia como em livro
aberto, como te envergonhava. Ainda bem que o fizeste, conheci melhor a mulher,
que afinal já tão bem conhecia, mataste a esperança que na última asneira
tivesses bebido sabedoria.
A desilusão que senti apagou todo
o brilho, toda a pureza, matou a força, afogou qualquer sonho que ainda
tivesse, mostrou-me quão incapaz sou para te ajudar.
Continua, vive pensando que podes
controlar o incontrolável, que podes arriscar todos os perigos, que a tua
liberdade não precisa respeitar ninguém, e nesse teu desejo insaciável de
chocar quem não te conhece irás um dia aprender que liberdade não é o que tens,
que estiveste presa de um mito, que o teu grito só serviu para chamar o que não
querias e que mais ninguém ouviu.
A vida ensina, a vida educa, mas
não como eu.
(sim havia uma imagem que poderia pôr aqui. Mas não quero ter que escrever a palavra que nesse dia escrevi.)
6 comentários:
Gostei muito de ler isto. Gostei de saberqueacabaramos emails não pedidos. Aqui lê quem quer, quem gostadeleroqueescreves. Estás a lamber as tuasferidas...
... as palavras .... o sentimento ....
Bjos
DD
Respondendo a ambas:
São mesmo sentimentos e é isso, só lê quem quer, porque não preciso de quem não quer.
Se estou a lamber feridas... Não VV, eu não lambo feridas, porque lamber força a cura, mas é artificial. O meu orgulho não deixa. Que sangrem para aí até se esvaírem. Daí não há volta.
Recorda o pensamento das segundas oportunidades e terás o resto da resposta.
"Segundas oportunidades são como reacender fósforos apagados que só já têm metade do pau". Oportunidades que dás aos outros? Recordo que os "outros" podem não querer oportunidade nenhuma. Dizes "não preciso de quem não quer", não me parece que seja verdade, atendendo à necessidade que tens em que o destinatário dos teus 1000 textos os leia, para que nunca se esqueça do que tens para lhe dar. Eu pareço uma velha ( sim sou uma anónima mulher) a repetir-me, mas parece-me que dares segundas oportunidades de ti não pedidas, dás o corpo às balas e arriscas-te a ser arrasado. Se é isso que queres e nem o temes, go on, mas não vou gostar de ver.
Não, eu não dou segundas oportunidades a ninguém. Quando decido uma coisa vou até ao fim custe o que custar, arrependa-me ou não.
O que esse pensamento expressa é que também não as quero para mim, porque não acredito em tal coisa.
... e os mil texto vão ser para todos, para quem os quiser, sem obrigações, sem medos, sem princípios nem fins.
Em liberdade. E sim, vais gostar de ver.
Vocês os dois hoje estão em alta!
Adorei ler a vossa picardia "literária"
VV! Não há hipótese, o AA está a dar-te uma prova pública de que vais sentir-te orgulhosa dele ( e não sentes já?)
Beijos aos dois
DD
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