Por vezes, com a calma de quem já muitas vezes amou, muitas vezes sofreu, muitas vezes sentiu estar a mais, mergulhado na dúvida que nos consome por dentro e, que a toda a hora nos pergunta apenas – Será? – Permaneço calado como se tivesse esquecido porque estou aqui, o que quero, porque luto, o que sonho todos os dias mesmo quando me foge, a melodia que teima em martelar a minha cabeça, que me acorda, que desperta os meus sentidos, que abafa tudo o que tenho para dizer.
Mas não, não esqueci nada, não desisti de nada, não recuei perante os novos obstáculos, não deixei de enfrentar os novos desafios, não abrandei, porque não quero, porque acredito, porque afinal desejo.
Sim é verdade, não o tenho dito, não por vergonha ou porque não o sinta, porque o que sentia não mudou, não abrandou, continua a queimar o que ainda resta, porque o que resta é sempre muito, e a chama não se apagou nem se vai apagar.
Continuo onde sempre estive, de pé, com o sonho bem desperto, disposto a aceitar mais feridas, mais dor, mais caminhadas contra o temporal, tudo o que vier, venha de onde vier, com toda a força que quiser, porque quero, porque quero, e só porque quero.
Estou aqui, no mesmo sítio onde o disse, onde o gritei bem alto, contra tudo o que fazia sentido, arriscando tudo o que sabia, sem me importar com o que estava a fazer contra mim, porque tinha que ser, era mais forte do que eu, porque era carinho, porque era ternura, porque era amor, porque era também paixão.
E agora que estou mais perto, que estou a chegar lá outra vez, a poucos dias de o relembrar, escrevo o que me apetece dizer, escrevo o que me apetece prometer e que farei decerto mais uma vez, quando a momento chegar.
Vou voltar a gritar, vou voltar a dizer, vou voltar a escrever tudo o que já disse, tudo o que já sabes, e como o sabes, porque te lembro em cada frase, em cada verso, em cada olhar. Já falta pouco, muito pouco… para o voltar a gritar.
(03.03.2103)
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