Às vezes acontece que envergonho as pessoas ou as pessoas envergonham-se de mim...
Às vezes acontece que envergonho
as pessoas.
Porque o faço, como o consigo,
será um defeito meu, será propositado, ou inconsciente?
Não sei, porque o que sei
realmente é que acontece. E acontece sempre nas ocasiões mais estranhas, por
isso me baralha.
Acontece quando estou presente,
de corpo inteiro, ou quando estou ausente e escrevo, respondo, digo, escuto,
leio, sei lá. Se faço de propósito, não quase nunca faço de propósito, e quando
o faço, ninguém tem dúvidas do que aconteceu.
Mas acho que tem a ver comigo,
mesmo com a maneira como sou, e como me ponho na vida.
Por outras palavras, estou-me
sempre cagando para as opiniões dos outros, estou-me sempre cagando para as
aparências e quem não gostar que não «consuma».
Eu sei que muitos não estão
preparados para isto, entrar numa reunião onde está o Sr. Presidente Daqui,
Mais o Sr. Presidente Dali, mais o Sr. Vogal de Acolá, mais trinta gajos bem
engravatados, de fatinhos engomados, e eu ir em mangas de camisa, calcinha de
ganga e com a barba de uma semana, envergonha muita gente, que nem se aproxima
para não se pegar.
Quando escrevo, muitas vezes sou
violento, tenho quase sempre opiniões contraditórias, provoco mal-estar nas
pessoas, mas azar, é o que penso, assumo tudo o que faço e digo, não me
escondo, não me arrependo. Mas acho que o que incomoda ainda mais é o que não
está dito, é o que fica entre as palavras, entre as linhas.
Claro que aí também estão coisas
escritas, às vezes mais do que o que está escrito no texto, mas aí cada um lê o
que quer, cada um escreve o que quer ouvir, ou pensa ouvir, e se se quiser
envergonhar está no seu direito, quem quiser fugir está no seu direito, mas não
me culpe a mim.
Sim não me culpem, porque quando
eu quero mesmo envergonhar alguém, ninguém fica na dúvida, todos vão perceber.
(15.03.2013)
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