sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

“De repente… todos somos”


Assim, num abrir e fechar de olhos, mesmo de repente, uma revistazeca francesa que ninguém comprava, ou poucos compravam, não sei se por medo ou porque sempre dizia mais do mesmo, tem honras de primeira página por esse mundo fora, notícias de abertura nas maiores televisões.

Aparecem milhões a dizer que o seu nome é Charlie, Charlie Hebdo. Cheira-me a 24, 25 e 26 de Abril de 1974. Fascistas seguidores de um regime opressor, politicamente indefinidos e logo democratas deste todo o sempre. Foram dez milhões de portugueses nessa altura que me revoltaram, são milhões pelo mundo inteiro, que me deixam mal disposto agora.

Hasteada está a bandeira da liberdade de expressão, mas isso não passa de uma manobra de diversão para vender notícias. Qual liberdade de expressão qual quê! Nenhuma liberdade de expressão é posta em risco por causa de um atentado, morram cinco, dez ou vinte jornalistas, caricaturistas ou afins. Quem põe em risco a liberdade de expressão são os regimes, não os terroristas.

Pareço frio nesta minha avaliação? Pareço mas não sou. Os caricaturistas mereciam morrer? Não. Os assassinos merecem castigo? Merecem! Sou a favor da violência gratuita? Não.

O problema é que quem agora enche as colunas dos jornais com o luto miserável do oportunismo, sempre criticou o pasquim que se divertia a caricaturar o profeta. O problema é a falta de carácter dessa gente. Por isso pareço frio. Não me digam por onde vou. Eu chamo-me António Amaral.

#2058

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