Assim, num abrir e fechar de
olhos, mesmo de repente, uma revistazeca francesa que ninguém comprava, ou
poucos compravam, não sei se por medo ou porque sempre dizia mais do mesmo, tem
honras de primeira página por esse mundo fora, notícias de abertura nas maiores
televisões.
Aparecem milhões a dizer que o
seu nome é Charlie, Charlie Hebdo. Cheira-me a 24, 25 e 26 de Abril de 1974.
Fascistas seguidores de um regime opressor, politicamente indefinidos e logo
democratas deste todo o sempre. Foram dez milhões de portugueses nessa altura
que me revoltaram, são milhões pelo mundo inteiro, que me deixam mal disposto
agora.
Hasteada está a bandeira da
liberdade de expressão, mas isso não passa de uma manobra de diversão para vender
notícias. Qual liberdade de expressão qual quê! Nenhuma liberdade de expressão
é posta em risco por causa de um atentado, morram cinco, dez ou vinte
jornalistas, caricaturistas ou afins. Quem põe em risco a liberdade de
expressão são os regimes, não os terroristas.
Pareço frio nesta minha
avaliação? Pareço mas não sou. Os caricaturistas mereciam morrer? Não. Os
assassinos merecem castigo? Merecem! Sou a favor da violência gratuita? Não.
O problema é que quem agora enche
as colunas dos jornais com o luto miserável do oportunismo, sempre criticou o
pasquim que se divertia a caricaturar o profeta. O problema é a falta de
carácter dessa gente. Por isso pareço frio. Não me digam por onde vou. Eu
chamo-me António Amaral.
#2058
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