domingo, 3 de agosto de 2014

Timidamente


“Timidamente” a papoila desabrocha
Por entre as espigas douradas,
Do trigo maduro,
A nova andorinha ensaia
O primeiro voo,
Que a faz pairar no ar;
“Timidamente” a onda humedece
A areia morna,
Da praia ainda deserta,
O rio espreguiça-se
Na planície, indolente,
O sol renascido apaga
A lua que adormeceu
Na noite acabada;
“Timidamente” olho-te,
Admiro-te de longe,
Adivinho-te ardente,
Revejo-me nos gestos,
Precinto-te nas mãos,
Percorro-te em cada pensamento,
Bebo-te em cada gemido,
Abafo-te todo o espaço,
Daqui,
“Timidamente”!

#1881

Sem comentários: