quinta-feira, 7 de agosto de 2014

“Distraído”



Sou um tipo esquecido,
Muitas vezes parvo
De tão “Distraído”.
Descobri por isso,
Hoje,
Que sou um anjo,
Dos verdadeiros,
Com asinhas brancas
A dar, a dar,
E até uma auréola
Sobrevoando a minha cabeça.
Esqueço-me do dinheiro
Que empresto,
Dos favores que faço,
Das ajudas que dou,
E até saúdo
Todos os que me odeiam
Ou invejam.

E com esta descoberta,
Pasmei.

Pasmei porque me lembrei
Do anjo vermelho
Que me habita,
Com cauda em forma de lança,
Fumo a sair pelas ventas,
E fogo pela boca;
Este anjo é o que tudo guarda
Na sua memória de elefante,
Que nunca esquece uma afronta,
Que planeia as mais sórdidas vinganças,
Que se delicia nos momentos
Em que trucida, espezinha, fere,
Sem descanso, com requinte,
Com o prazer mórbido
De quem não perdoa nunca,
Que não teme a luta,
Que ignora o julgamento alheio
Ou qualquer arrependimento.

E tudo isto apenas
Porque sou “Distraído”!

#1889

1 comentário:

Anónimo disse...

gostei :)