quinta-feira, 20 de março de 2014

“Xadrez”


Toda a realeza está aqui,
O clero também,
Os castelos nas suas torres,
Os cavaleiros e o povo,
Carne para canhão que se arrasta
A custo, pelo campo de batalha,
Enquanto os restantes correm sem esforço,
Escudados pela muralha humana.

O Rei gordo, mal se mexe,
Mas a Rainha não,
Corre para qualquer lado,
E em qualquer direcção;
Os Bispos atacam os flancos,
Não encaram o inimigo de frente (porque será?);
As Torres oferecem o peito,
Sem medo,
Enquanto os cavaleiros saltam,
Saltam sobre tudo e todos,
Desviando-se para o lado e avançando,
Ora avançando e desviando-se depois.

Tudo se passa a preto e branco
No xadrez,
Onde a estratégia, a astúcia,
A inteligência, a coragem
E a rapidez são qualidades necessárias,
Para decidir quem morre,
Quando morre,
Quem se sacrifica para o outro
Salvar.

No tabuleiro somos deus.

Gosto de ser deus
No tabuleiro de quadrados
Pretos e brancos.
(Ou brancos e pretos?).

#1537

Sem comentários: