O Lobo caminha lentamente
Por entre a erva alta,
Evitando os ramos
Que possam denunciar
Os seus passos,
Escolhendo o sopro do vento
Contrário,
Para que a presa não o fareje.
Estuda todas as fugas
Possíveis,
Imagina trajectórias de salto,
Calcula as distâncias,
Observa o chão, as pedras,
Os declives;
Vai encurtando distâncias,
Faz escoar o tempo,
Calmamente, como se não tivesse fome,
E repentinamente parte como um raio,
Com olhos raiados de sangue
E a boca a espumar.
É tarde para a doce gazela,
Tarde para usar a agilidade
Que herdou,
A velocidade das finas pernas,
Porque o Lobo usou
Toda a sua “Astúcia”,
Todo o saber de longas fomes,
De cansativas e intermináveis caçadas.
Tem cuidado com ele,
Não esperes pelo primeiro ataque
Se não o quiseres,
Ou prepara-te para sentir
Na garganta,
O grito
Que ele abafará.
#1429
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