sábado, 30 de novembro de 2013

“Continua”


E a vida “Continua”, dizem!
Mas é falso, não é assim.
Quando perdemos um amor,
Nada “Continua” igual,
Tudo muda, tudo se transforma;
Quando se perde, perdemos pedaços,
Pedaços de nós, que afinal nossos
Não eram, pedaços que faziam sentido
A dois, criados que tinham sido
Por um NÓS; pedaços cheios
De amor, guardados, vigiados
Por cada cumplicidade,
Num cofre-forte de um momento,
Sem chave, porque a fechadura era
De segredo, um segredo de NÓS.
Tenho muitos cofres assim,
Cada um guarda vida,
Cada um tem uma fechadura
De segredo, mas quando parte
Um desses AMORES, a tampa nunca mais
Abrirá, porque do segredo só conheço
A minha metade, e a outra
Morreu.
Sim, é verdade que conheço
O que cada um contém,
Mas não se repetirá jamais
O abrir da tampa, a luz jamais
Jorrará do seu interior, o fogo
Jamais me queimará, as cumplicidades
Jamais iluminarão os meus olhos,
O NÓS, jamais o será.
A vida “Continua”, mas sem os pedaços
De MIM, que contigo levaste.

#1234

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