segunda-feira, 7 de outubro de 2013

“Debalde”


Desiludido, talvez seja a palavra
Que me assalta, quando me lembro
Do que fiz, do que dei,
Do que mostrei,
Do que investi.

Dei de mim tudo o que tinha,
Sem medos, mostrando todos
Os segredos, despindo o olhos
De janelas, aquecendo os frios
Nas mais tórridas fogueiras,
Respeitando de ti todos os sabores;
Vacilaste inebriada pelo brilho
De um sol que desconhecias, mas depois
Hesitaste, recuaste, amedrontada
Pelos laços com que o amor
Ameaça, com a prisão
Entre as portas da paixão
Que jorrou e,
Como um ardente rio
Te afogou.

“Debalde” afirmei livre,
A vontade de te ver voar,
E do que eras, o respeito
De negar o próprio desejo,
Recalcado em cada beijo,
Reprimido em cada abraço,
Sonhado na saudade,
Doído em cada espera.

Sim, desiludido
Mas não convencido,
De um fracasso
Tão sem sentido,
De promessas, de verdades
Arremessadas, afiadas
Como lâminas, de segredos
E de tantos medos,
Entre culpas e fantasmas,
Confundidos na liberdade
Entre cada um dos nossos orgulhos.

#1188

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