terça-feira, 10 de setembro de 2013

A Bailarina nem sempre usava sabrinas


A Bailarina linda de sabrinas pretas,
Nem sempre usava sabrinas
E, nem sempre eram pretas quando as usava.
A Bailarina tinha outros pés
Com outras cores, pés que a afastavam
Do chão que pisava, que transformavam
A perna, moldavam, encantavam.

O andar da Bailarina, dançava,
Numa leveza de algodão,
Na elegância de cada felino
Que a habitava, dando a cada passo
A nota de uma melodia,
Que a acompanhava
E assustava.

O cabelo de oiro da Bailarina, escondia
O vermelho que por baixo vivia,
O vermelho que era seu,
Que fervia debaixo da pele,
Que pulsava irrequieto,
Que a movia e agitava.

Os olhos de cegonha da Bailarina,
Que viam para dentro de cada chaminé,
Que viam mas não guardavam,
Já tinham olhado e guardado,
Já tinham visto e sentido,
Já tinham chorado e amado,
E de todo o humedecido
Corrido; secado.

A Bailarina de coxas perfeitas,
Andar esvoaçante e, pés de várias cores,
Com sabrinas pretas
Que nem sempre eram pretas,
Interpretava melodias
Que apenas nos seus ouvidos
Ouvia,
Parecendo desalinhada da vida
Que por fora se sentia.

Tudo o que por dentro sentia,
A Bailarina por fora ocultava.

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