quarta-feira, 26 de junho de 2013

SUPER-LUA


Enorme bola branca que sobe lentamente, ocupa o horizonte negro, esconde atrás estrelas, ofusca o seu brilho cintilante. É a lua que nasce cheia, completa, redonda como um disco aceso, ilumina a noite, cria tantas sombras que povoam o imaginário, criam movimentos, mostram fantasmas.

Mas quando olhei o céu e a vi, não era apenas cheia aquela lua. Era maior, tinha outro brilho, resplandecia. Á sua volta existia um crepitar branco, frio como a luz morta que sempre emana, mas mais bela, como se o branco fosse outro, diferente, roubado a um arco-íris qualquer que se escondera ali.

Não era uma lua cheia, era uma super-lua.

Tinha um magnetismo branco, as suas crateras haviam desaparecido como se a tivessem desenhado nova, mais redonda e maior, mais brilhante, mais bela, imaculada. Durante muito tempo manteve o meu olhar preso, seguindo a sua trajectória lenta na noite.

Mas a noite não desapareceu, a noite continuou ali e em mim, como se afinal aquela lua não fosse mágica, como se a sua luz não iluminasse os meus olhos e apenas os penetrasse para manter frio o coração que já estava frio. Senti, senti esse frio, mas os olhos não se desviavam dali.

Subitamente senti outras luas a despontar um pouco por toda a parte. Muitas, cada uma de seu tamanho, cada uma com um brilho, umas altas, outras baixas, cada uma com seu dono, cada uma com um pensamento ou um sonho, mas todas iguais afinal, frias no seu mistério branco.

Uma delas chamou-me, uma delas fez desviar os meus olhos e o coração bateu, como que renasceu, senti um calor que dele assomava, que se espalhava em mim. Era pequena aquela lua, o seu brilho não era como o que a minha tinha, mas parecia que sorria. Senti aquele calor em mim e tremi. Eu não o queria.

Então fiz o mesmo que os outros haviam feito antes e prendi-a, e mostrei-a, e pensei-a, e disse-a.

Não sei se a outra se ofuscou com tamanho brilho, mas sei que sentiu um calor igual ao meu noutro mundo qualquer, noutro céu, noutra noite e matou o silêncio.


Mas eu calei.

2 comentários:

Anónimo disse...


A noite... o luar!
Doces companheiras.
Se lhe soubermos despir os véus com carinho, é uma amante extraordinariamente doce.
E só uma luz maravilhosa como aquela a arranca dos nossos braços!

Fotografia e texto MAGNÍFICOS

Bjos
DD

Eu não sou ninguém disse...

Também és doce e companheira DD.
Bjos