terça-feira, 7 de maio de 2013

A pedra pequena chorou…


A enorme pedra estava
Equilibrada, na falda da encosta
Nua,
Segura não se sabe porquê,
Presa não se sabe onde,
Mas não caía, talvez
Pelo peso, talvez pela força,
Talvez pela mente.

A enorme pedra, já
Tudo aguentara, chuvas
Torrenciais, ventos fortes,
Granizos, invernosos dias,
Medonhos temporais,
E ali ficara sempre,
Segura num espaço improvável,
Que a mantinha, que a amparava,
Embora desafiando tudo
E todos,
Naquele equilíbrio instável.

Sob a grande pedra, estava
Uma muito pequena, entalada,
Presa,
E tão pequena era, que mais parecia
Um grão de areia,
De tão insignificantemente
Pequena.

A pedra grande desprezava-a,
Ignorava-a, não valia
A pena, não valia o sacrifício,
Mal se lembrava que ela existia,
E quando a pequena
Se lhe dirigia, umas vezes
A pisava, outras sorria.

Um dia a grande pedra pisou-a
Com mais força, apenas
Para lhe lembrar quem podia,
E a pequena pedra quebrou…
A pequena falha bastou
Para que a pedra pequena,
Se libertasse do peso,
E aproveitando o momento,
Rolou para o lado, apenas
Um pouco, porque apesar de tudo
Não queria perder a companhia.

A pedra grande vacilou,
Oscilou no seu peso, rolou
Levemente,
Inclinou para a frente…
Olhou aquele abismo, gritou,
Percebeu, e caiu.
Despenhou-se das alturas,
Embateu no fundo,
Desfez-se em mil bocados, reduzida
Que foi a pouco mais
Do que pó.

A pedra pequena chorou…

Sem comentários: