Dois «EUS»
Também tenho como tu,
(E bem sabes,)
Dois «eus»,
E o primeiro é duro,
Cheio de instintos demolidores,
Que do ataque,
Faz suas defesas,
Meio irracional nos comportamentos,
Onde a sensibilidade
Não ocupa nenhum lugar,
E o caminho único
É em frente.
Foi este que sempre venceu
Na vida,
Avançou, provou,
Mostrou as qualidades
Que o fizeram subir,
Singrar na vida impessoal
Onde a vitória é
O único objectivo.
Existe o outro,
Fraco, sensível,
Que chora e se apaixona,
Ama, dá sem nada para si
Pedir,
Escreve, pinta, desenha a alma,
Dá cor à vida cinzenta,
Sofre, nada pede,
Nada cobra,
Adora a loucura que partilha,
Dá-se a conhecer sem limites,
Respeita a verdade
Mesmo arriscada, é…
Mas o corpo é partilhado
Por ambos,
E o animal, instintivo,
Às vezes assume o comando,
E o corpo não obedece
À doçura ou à emoção,
Inflamado pela paixão
Que se escapa,
Acende o desejo,
E a custo o outro domina.
Sei que conheces os dois,
Que gostas do que da mistura
Sobra,
Porque aceitas a força
E a sensibilidade,
A loucura
E a tenacidade.
Sabes qual deles está aqui?
Até hoje apenas um ganhou
Porque o que sinto
Faz do fraco forte,
Graças a ti
Se algum dia te deparares
Com esse animal,
Lembra-te…
Dá-me um abraço,
Nada digas,
Respeita o silêncio,
Olha apenas os meus olhos
E sorri
(03.01.2013)
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